terça-feira, 11 de novembro de 2008

Congo e Ruanda em fogo alto


Dessa vez, a panela de pressão ferve na África Central, região do Congo, fronteira com a Ruanda. Os rebeldes Tutsi estão fervorosos, a população de maioria Hutu sai de suas casas e mais um banho de sangue é previsível nessa região que já foi colônia da Alemanha , passou para Bélgica e vive historicamente as diferenças entre tribos africanas pré-colonização européia. Tropas da Onu estão por lá. Funcionários de Ongs internacionais saem com medo do que pode acontecer.

Pra entender um pouco o conflito:

Ruanda é um pequeno país no centro da África.

Ruanda só existe depois da colonização. Depois que os europeus foram lá, demarcaram terras, dividiram entre eles e decidiram, depois de algumas disputas (como a primeira guerra mundial), que país iria ganhar qual pedaço africano. Antes disso a África Central era parte de um continente vasto, cheio de florestas, savanas, animais perigosos e tribos que viviam em seus domínios e com sua cultura própria.

Portanto a história de Ruanda começa no século XIX, quando ela é "dada" à Alemanha. Posteriormente o controle sobre o país foi passado para a Bélgica.

Para controlar o país, que depois ainda se dividiu em dois, Ruanda e Burundi, os belgas se aproveitaram de um antigo sistema de poder entre as duas tribos dominantes do local, os tutsi e os hutu. Os tutsi eram uma minoria, mas eram eles que reinavam e controlavam a população local, de maioria hutu. Os belgas colocaram os tutsi para trabalhar com eles e lhes deram poder e liderança. Dessa forma procuravam controlar a população local com certa facilidade. Mas a parceria não durou muito, pois logo os tutsi se revoltaram contra os belgas e quiseram a independência. Acreditando que os hutu seriam mais fáceis de controlar, os belgas inverteram o sistema de poderes. Os hutu, que tinham grandes ressentimento contra os tutsi, os discriminaram e caçaram durante décadas. Muitos tutsi foram exilados nos paises visinhos.

Em 1990, uma força guerrilheira formada pelos tutsi exilados, a FPR, invadiu Ruanda tentando derrubar o governo. O governo hutu começou a fazer propaganda via rádio contra os tutsi, incitando a população ao ódio. Entre derrotas e vitórias, o governo e a força revolucionária tentavam chegar a algum acordo. Mas em 1994 o presidente hutu foi morto quando seu avião foi derrubado, logo que voltava de uma negociação pela paz. Com isso o gorverno passou a incitar a perseguição, a matança e a violência generalizada contra os tutsi, o que se extendeu também contra os hutu moderados, acabando por exterminar 800 mil pessoas.

O governo incitava a população a parar tudo para se dedicar exclusivamente à caça de tutsi. Fecharam escolas, fábricas e o comércio. Nada mais funcionava. Ninguém deveria trabalhar até que o trabalho de exterminar as "baratas" tutsi fosse terminado. O governo utilizou-se de dinheiro cedido pela ONU para financiar a compra de milhões de facões, fuzis e revólveres que distribuiu pela população. Todos os meios de comunicação se dedicaram exclusivamente a pregar a limpeza étnica.

E, em seguida, já não existiam ruas em Ruanda, existiam apenas pilhas de corpos, ossos, roupas, casas destruídas. Um cenário demoníaco.

O confronto no leste do Congo envolve a tensão étnica oriunda do massacre de 1994 de pelos menos 500 mil tutsis, na vizinha Ruanda.

A crise explodiu no leste congolês desde o início da ofensiva liderada pelo general renegado Laurent Nkunda, que afirma que protege a minoria tutsi de milícias hutus que participaram do genocídio e depois fugiram para o Congo.

Um comentário:

  1. Muito boa a explicação, David. Enxuta e abrangente. Pude entender a origem daquela matança infernal, em que até freiras hutu participaram ... (Um cenário demoníaco, como falou; em que pessoas eram queimadas vivas.)

    Parabéns pelo blog e um grande beijo!
    Mariella M. dos Santos
    (A Mari. :))

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