sexta-feira, 27 de junho de 2008

O Zimbabue à sombra da democracia


Um dos simbolos da democracia é o voto popular.

Voemos à democracia do Zimbabue:
As eleições presidenciais de junho tem apenas um candidato.

Robert Mugabe é o nome dele. Conta com 84 anos.

É ele contra ele.

Mugabe perdeu no primeiro turno, mas o adversário vencedor da oposição, Morgan Tsvangirai, desistiu por causa da intensa violência e das ameaças contra o povo zimbabuense.

A Violência da Campanha:
A população acusa o Movimento pela Mudança Democrática (MDC) de ameaças de sequestros, mutilaçoes, assassinatos, perda de bens, caso não vote na situação.

Cartazes de apoio a Mugabe são obrigatórios nas casas dos moradores do país, principalmente no interior.

A chamada dos militantes da União Nacional Africana do Zimbábue-Frente Patriótica (Zanu-PF), partido de Mugabe, é "Win or war" (a vitória ou a guerra).

Policiais fazem batidas nas ruas e operações diárias nas residências dos zimbabuenses.

O povo é "convidado" a usar camisetas pró-Mugabe.

Telejornais locais da TV estatal exibem constantemente reportagens especiais sobre o camarada
Mugabe, heroi e líder da guerra de independência do Zimbabue.

O democrata Robert Mugabe:
Está no poder há mais de 25 anos.

Domina um país cuja inflação é de 300.000% ao ano.
Pra se ter uma idéia o salário de um trabalhador clase média é de cerca de 20 bilhões de dólares zimbabuanos. O cigarro custa 1 bilhão de dólares e uma dúzia de ovos, 10 bilhões.

A Questão Internacional:
Há investigações sobre o financiamento da China na campanha de Mugabe.

A África do Sul, país que lutou recentemente contra o Apartheid, tem posição contra a influência ocidental e resolveu abster-se da eleição.

Termômetro:
Vale lembrar que o signficado da palavra Apartheid, de origem africana, significa " vida separada" e remonta uma época em que os africanos eram obrigados a viver de acordo com regras que os impediam de ser verdadeiros cidadãos.
O Apartheid acabou. Agora existe a democracia.



quinta-feira, 26 de junho de 2008

A fé do minarete no país das pirâmides


Se você tem o cacuete de dizer a qualquer momento, quando percebe um desastre, descobre algo, se vê surpreso: "Vige Santa", "Ave Maria", "Jeeesus". Você não está sozinho.

Nos últimos anos, a religiosidade no Egito tem crescido tanto que acaba de sair da mesquita uma nova fatwa, ou decreto religioso, do Sheik Yusuf Qaradawi.

Nele, o clérigo afirma que vale a pena rezar, mas "10 minutos" tá bom demais.

Acontece que nesses vícios de linguagem que aparecem de geração em geração, o Inshallah ( "Se Deus quiser") tomou conta da população.

O povo fala " Se Deus quiser" em qualquer situação:

No comércio:
- Quanto é o tomate?
- Custa 3. Inshallah

No táxi:
- Onde o senhor gostaria de ir?
- Pro Saara. Inshallah

No restaurante:
- Vai querer homus ou falafel?
- Babaganush, inshallah

Na escola primária:
- Quantas corcovas tem o camelo?
- Se Deus quiser, duas. Se não, acho que bombei.

Não é a toa que o povo tá cada dia mais religioso no Egito.

O país é governado por Hosni Mubarak, o mesmo presidente há mais de 25 anos.
A crise economica e o alto preço da comida assolam a região. Alguns dias atrás , a agência de notícias Reuters divulgou extensas filas nas ruas do Cairo para se comprar pão. Mulheres brigavam entre si, por mais meia dúzia deles.

E não é só nas expressões que o povo está mais conectado à religião muçulmana:

Aumentou em muito o número de escolas religiosas, as madrassas, que ensinam o wahabbi, o islamismo sunita mais radical.

Cada ano é maior a quantidade de pessoas que praticam as cinco paradas para as orações por dia, duas delas durante o horário comercial diurno.

Além das rezas, é necessário lavar as mãos, os pés e o rosto.

Não é à toa que a medida do sheique foi aprovada pelo governo.

Imagine se o fiel resolvesse ler uma passagem maior do Alcorão em cada um dos 5 momentos?

É o país que para.

O ópio do ódio


A Alemanha acaba de vencer a Turquia nas semifinais da Eurocopa e o que se viu em diferentes cidades alemãs?

A destruição de restaurantes populares turcos em Dresden.

A prisão de dezenas de neonazistas em Hannover.

Autoridades feridas em Chemnitz depois de confrontos entre policiais e grupos de xenofobia.

A policia repreendeu os manifestantes, que serão acusados e julgados por ódio racial.

Acontece que o problema não deve ser visto com reducionismo:

Em dezembro de 2007, o caso violento de um idoso alemão de 76 anos atacado por dois imigrantes, um turco e outro grego, chamou atenção internacional. Os jovens espancaram, cuspiram e xingaram o aposentado de "alemão de merda" , depois que ele pediu para os rapazes pararem de fumar no metrô de Munique, onde o fumo é proibido.

No mesmo mês, pouco antes do reveillon, 15 neonazistas atacaram com paus uma familia de afegãos que acendiam fogos nas ruas de Lichtenberg.

Também em 2007, Angela Merkel, primeira-ministra alemã, sugeriu num discurso do partido que os minaretes das novas mesquitas a serem construídas em território alemão não deviam ser mais altos que as torres das igrejas.

Depois da segunda guerra mundial, há cerca de 50 anos, imigrantes da Turquia e de outras nações foram convidados pelo governo alemão para trabalhar na reconstrução da Alemanha destruida pela guerra nazista.

Guerra que foi fundamentada pelo ópio do ódio da xenofobia.

O mundo já sofreu dessa overdose.

segunda-feira, 23 de junho de 2008

Entupimento no espaço


Se você acha que a vida tá difícil, quando você chega do trabalho cansado, suado, depois do trânsito, do metrô lotado, de cabeça cheia, pronto pra tomar uma ducha, aquele banho quentinho e ao entrar no box percebe que a resistência do chuveiro queimou ou que o vaso sanitário entupiu, acredite... essas coisas não acontecem só contigo!

E o melhor, não são exclusividade desse planeta!

Não, não é assunto de disco voador e gnomo...

Imagine agora você com mais uma equipe de trabalho numa aeronave, flutuando no espaço, depois do jantar recheado de cápsulas de pepino e rabanete ( e você sonhando com aquela pizza de borda recheada) e de repente bate aquela dorzinha chata, indiscreta.

Então você sai meio que disfarçando para o único vaso sanitário de uma base espacial. Chega lá, se equilibra, segura com a sola do pé a base da privada ( repetindo mentalmente: vai dar tudo certo, vai dar tudo certo...) com a mão abre o manual de sobrevivencia pra pensar em outras coisas ( a litertura na nave não é a das mais variadas) , toma cuidado com o papel higiênico que instiste em roçar sobre sua cabeça, e depois do trabalho feito, despreocupadamente, puxa a descarga (não há mais o que fazer) e.... silêncio, puxa de novo e..... nada.

Começa a bater o desespero, você sabe como é no espaço, tudo flutua.

Sai voando mesmo.

Você fecha a porta correndo, vai direto pro telefone comunitário espacial e chama de qualquer forma, a cobrar mesmo a Terra...

"Olha, a situação tá preta aqui em cima"

E foi o que aconteceu na Estação Espacial Internacional (ISS).

A privada quebrou. Entupiu. Escafedeu.

Literalmente: esca - fedeu .

Não há problemas, disseram os técnicos daqui, com uma pitada de ironia...hoje tem gente especializada em tudo.

A NASA chamou o cosmonauta-encanador Oleg Kononenko para a missão urgente, urgentíssima de desencantar a tripulação.

Desencanar a situação.

E lá vai o Oleg pra Estação.

Na bagagem, além das ferramentas precisas, leva na mala, mais um pequeno estoque de sacos plásticos para a prevenção da equipe.

Daqueles que você, sem problemas, pode mandar qualquer coisa pro espaço.