quinta-feira, 26 de fevereiro de 2009
Onde os fracos não tem vez. Ver (de) ver.
"Você me vê?" diz
Anton Chigurh, vilão "maluco" - pra ser ameno com o psicopata - interpretado de forma espetacular por Javier Bardem, antes de resolver a escolha da vida ou morte da possível vítima em "Onde os fracos não tem vez" , vale ser chamada do cartaz do filme.
Não o é.
Bem poderia.
Você vê o que é Anton Chigurh por seus caminhos, pela idéia que representa na cabeça dos outros personagens: num telefonema " você é toda a maldade? " ; numa reunião "ele é pior que o quê"? ; pelo que seus crimes fazem do significado da sociedade moderna: "mata um delegado, mata um sargento aposentado e volta ao local do crime, pra que? Antigamente não era assim".
A teórica tranquilidade da vida numa região de pacato deserto é descortinada na tensão da trama: uma corrida de "gato e rato" entre um psicopata, um veterano caçador que encontrou uma mala cheia de dinheiro , um mercenário , traficantes mexicanos e um xerife à beira da aposentadoria. Só que a linha de chegada ultrapassa o interesse de quem vai ser encontrado primeiro - transcende para o que cada um vê dessa busca e como esses tipos levam a vida.
O penteado de Bardem chega a ser bizarro e dá força ainda mais assustadora ao personagem.
Tommy Lee Jones, o xerife, viaja com as divagações filosóficas e as reflexões da existência em toda parte, seja num restaurante, na sala de casa ou no local do crime - é como se estivesse meditando numa avenida congestionada em horário de pico.
O filme dos irmãos Coen mesmo sem apresentar todas as respostas levantadas na história; com uma velocidade bem diferente dos padrões de Hollywood; paisagens que beiram o absoluto do nada e que colidem com a intrínseca psiquê dos personagens levou quatro estatuetas na 80ª edição do Oscar: melhor filme, direção, roteiro adaptado e ator coadjuvante, para o espanhol Javier Bardem.
Filmaço pra ver de várias maneiras: com a mão no queixo, de pernas pro ar, comendo pipoca ou com a cabeça nas nuvens.
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