quinta-feira, 26 de junho de 2008

A fé do minarete no país das pirâmides


Se você tem o cacuete de dizer a qualquer momento, quando percebe um desastre, descobre algo, se vê surpreso: "Vige Santa", "Ave Maria", "Jeeesus". Você não está sozinho.

Nos últimos anos, a religiosidade no Egito tem crescido tanto que acaba de sair da mesquita uma nova fatwa, ou decreto religioso, do Sheik Yusuf Qaradawi.

Nele, o clérigo afirma que vale a pena rezar, mas "10 minutos" tá bom demais.

Acontece que nesses vícios de linguagem que aparecem de geração em geração, o Inshallah ( "Se Deus quiser") tomou conta da população.

O povo fala " Se Deus quiser" em qualquer situação:

No comércio:
- Quanto é o tomate?
- Custa 3. Inshallah

No táxi:
- Onde o senhor gostaria de ir?
- Pro Saara. Inshallah

No restaurante:
- Vai querer homus ou falafel?
- Babaganush, inshallah

Na escola primária:
- Quantas corcovas tem o camelo?
- Se Deus quiser, duas. Se não, acho que bombei.

Não é a toa que o povo tá cada dia mais religioso no Egito.

O país é governado por Hosni Mubarak, o mesmo presidente há mais de 25 anos.
A crise economica e o alto preço da comida assolam a região. Alguns dias atrás , a agência de notícias Reuters divulgou extensas filas nas ruas do Cairo para se comprar pão. Mulheres brigavam entre si, por mais meia dúzia deles.

E não é só nas expressões que o povo está mais conectado à religião muçulmana:

Aumentou em muito o número de escolas religiosas, as madrassas, que ensinam o wahabbi, o islamismo sunita mais radical.

Cada ano é maior a quantidade de pessoas que praticam as cinco paradas para as orações por dia, duas delas durante o horário comercial diurno.

Além das rezas, é necessário lavar as mãos, os pés e o rosto.

Não é à toa que a medida do sheique foi aprovada pelo governo.

Imagine se o fiel resolvesse ler uma passagem maior do Alcorão em cada um dos 5 momentos?

É o país que para.

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