quarta-feira, 11 de março de 2009

Otto e Mezzo, Fellini



Arriscar.
Sem pretensão.
É por aí que o caminho abaixo segue, a qualquer lugar.

Otto e Mezzo é um filme que nasce para ser revisto.
De primeira, só o ponta pé inicial.
Assita, veja mais uma vez, em partes, por inteiro.

No filme, realidade, sonho e desejo são existências paralelas que convivem com os desafios criativos de um cineasta, Guido Anselmi, interpretado por Marcello Mastroianni.

Viajamos por mais de 120 minutos nas variadas dimensões subjetivas de Guido.
Muitas vezes não é fácil decifrar se estamos no sonho, numa recordação ou em alguma perspectiva da vontade dele.

A intelectualidade, o intelecto são alvos de ironia.

O filme parece indicar também a redenção pela beleza e as fagulhas incógnitas da felicidade que permitem você continuar, apesar do desesperero, da confusão.

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Se não bastasse, os diálogos convergem o filme para outras reflexões:

Um jornalista pergunta: "Falta de comunicação é um problema ou um pretexto?"

Outro escritor tagarela: "Já há coisas supérfulas demais no mundo, mais desordem é inútil".

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Claudia (Claudia Cardinale) é a musa de Guido, a inspiração que surge rodeada de uma aura que parece estar acima de todos os mundos. Mas onde ela está?
Numa das cenas, Claudia diz: "Leve-me daqui, esse lugar não me parece real".

Pois é.

Muito pra se escrever sobre.
Mas sobretudo para cada um ver o que daquilo sobra.

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Para chegar-se ao ponto reticente desse tópico, acredito que é mais honesto transcrever uma das reflexões de Guido, quando ele está com as mulheres de seu harém imaginário:

"Carla ia tocar sua harpa,
como toda a noite,
e seriamos todos felizes,
escondidos aqui,
longe do mundo,
vocês e eu".

...

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